Há uma semana, partia deste mundo o poeta Zé Lima. Foi-se o corpo, ficou a obra, com destaque para a música Mar de Lama. Estouro no contexto do Fora Collor, em 1992, a letra denuncia a corrupção que assola nosso país.
Quase 35 anos depois, continua atual nessas comarcas, com seus vaqueiros que tangem e ferem a humanidade.
O povo, um gado cercado sem ter liberdade, embora ache que tudo entende, não sabe o que será do amanhã.
A única certeza é que a vida da morte é irmã.
Para afastar essa contestação aterradora, é melhor sentir esse cheiro de terra, sabor de hortelã. Seu aroma minimiza o odor putrefato que paira no ar.
Os fantasmas que assombram o planalto central, enquanto isso, navegam sedentos nesse lamaçal.
Prega-se que o progresso chegou para valer, mas no pantanal das ilusões, naufragam as nações, com seus patrões.
Por quê? Roubaram o país, traíram a pátria. Nesse mar de lama, só vejo piratas.