Está criado o Sindicato das Empresas de Rádio, Televisão, Jornais, Portais e Revistas do Rio Grande do Norte (Midiacom-RN). Importante iniciativa para o empresariado do setor. Para os trabalhadores, sabe-se lá. Mas não é a isso que vou me deter. O sindicato começa errado, ao excluir da diretoria empresários (a) de comunicação do interior do Estado.
Na posse, próximo dia 14, assumirão o presidente, Thiago Lajus (Inter TV); o vice-presidência de jornais, portais e revistas, Fernando Fernandes (Sistema Tribuna); o vice-presidente de rádio, Felinto Rodrigues Filho (Grupo Dial); o vice-presidente de televisão, Micarla de Sousa (TV Ponta Negra); o vice-presidente de relações sindicais e trabalhistas, João Soares (Band RN), e o tesoureiro, Raniere de Andrade (Rede Tropical de Comunicação).
Claro, todos são profissionais dignos aos cargos. Mas teriam mais legitimidade aos postos, se fosse o Sindicato das Empresas de Rádio, Televisão, Jornais, Portais e Revistas de Natal, ou da Região Metropolitana. Mas é do Rio Grande do Norte. Nada mais justo, portanto, que houvesse pelo menos uma viva alma do interior do Estado na diretoria.
Ah, vão dizer que é mimimi (para usar termo da “moda”), viralatismo; que o Midiacom-RN “está aberto à adesão de novos veículos de comunicação”; que o interior estará representado por trocentos empresários fora do eixo da Nova Roma (viva, Canindé Queiroz!). Ainda sim, é pouco. Tem que haver representação em pelo menos uma diretoria – umazinha só, que seja.
Desconexão
Ao fazer da diretoria um clube exclusivo de Natal, o sindicato transmite a imagem que representa apenas os interesses da capital, comprometendo sua legitimidade estadual. Isso pode gerar desconfiança entre os empresários do interior, que se sentirão excluídos e desestimulados a se engajar com a entidade.
Mas a ausência representa muito mais do que gesto de desprestígio ao empresariado das cidades interioranas. Sem representantes do interior, as pautas regionais ficam invisibilizadas. Questões específicas enfrentadas pelas rádios, jornais e portais do interior dificilmente chegam à mesa diretiva.
Concentração
Com uma diretoria exclusivamente da capital, decisões estratégicas, parcerias, capacitações e investimentos tendem a ser priorizados para Natal e região metropolitana, aumentando o desequilíbrio já existente entre capital e interior.
Se é intencional ou não, a falta de inclusão pode levar à desmobilização dos empresários do interior, que deixam de ver o sindicato como um espaço legítimo de defesa dos seus interesses. Isso enfraquece a atuação coletiva do setor, reduzindo o poder de barganha frente a governos e anunciantes.
E mais: ao ignorar os empresários do interior, o Midiacom-RN reforça desigualdades históricas entre as regiões do Rio Grande do Norte. O setor de comunicação do interior, já fragilizado por falta de estrutura e recursos, permanece à margem das decisões que impactam seu próprio futuro, porque não possuirá ninguém na diretoria para apitar a seu favor ou bater na mesa.
Desvalorização
Lembrem-se que o interior potiguar é um celeiro de iniciativas criativas, influenciadores locais e veículos com forte penetração regional. Ignorar esse ecossistema é desperdiçar potenciais parcerias, talentos e modelos de negócio que poderiam beneficiar todo o setor.
O Rio Grande do Norte não passa da Reta Tabajara? A ausência de representantes do interior na diretoria do Midiacom-RN compromete o caráter representativo, plural e democrático da entidade.
Para um setor tão estratégico quanto a comunicação, especialmente em tempos de transformação digital e disputa por atenção, incluir o interior não é opção — é necessidade. Ainda há, contudo, tempo para corrigir essa injustiça. Fica a dica.
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