Mobilidade urbana

A necessidade de subsídio ao transporte público

Foto: Fetronor

Transporte coletivo de qualidade é fundamental. Mas que paga a conta?

“Não existe transporte público de qualidade que não seja com subsídio”, asseverou o ministro das Cidades, Jader Filho, na última quinta-feira (31), durante o evento “Caminhos do Brasil”, promovido no Rio de Janeiro pelos veículos O Globo, Valor Econômico e rádio CBN. O encontro discutiu os rumos da mobilidade urbana no país. A fala do ministro ratifica uma realidade inegável: o transporte público precisa de subsídios para ser economicamente viável.

Jader Filho ressaltou que sistemas de transporte de qualidade, como no Reino Unido e na França, contam com subsídios públicos e são elogiados pela eficiência. “Ou a gente vai cobrar do pobre, do trabalhador, colocando nos ombros dele um preço de passagem impagável, ou vai ter que dar o subsídio”, frisou.

Segundo o ministro, é preciso discutir de onde virá o dinheiro para bancar esse subsídio. Encontrar onde é possível economizar para garantir o financiamento do transporte coletivo.

“Se não, cada vez mais você vai ver as pessoas andando de Uber Moto, Uber Carro e outros meios que vão surgir”, alertou.

A consequência, segundo ele, será a explosão no número de veículos nas cidades, com hospitais – e cemitérios – abarrotados de vítimas do trânsito.

Realidade local: Mossoró

Tomemos como exemplo Mossoró, município de 264 mil habitantes, onde nunca se consolidou uma cultura de uso do transporte coletivo. A cidade está inundada de táxis (muitos clandestinos), carros de aplicativo e motos – uma enxurrada delas, agora também transportando passageiros via apps.

Em Mossoró, opera uma empresa de ônibus urbano. Transporta majoritariamente idosos, pessoas com deficiência, estudantes. Em suma, pessoas pobres, beneficiárias de isenção total ou parcial da tarifa. Quem tem dinheiro para pagar a passagem, prefere chamar um Uber Moto, um carro pelo 99, ou recorrer a um táxi clandestino.

“Sem subsídio público, a conta não fecha”, adverte, com razão, o ministro Jader Filho.

O transporte público municipal é, por lei, de responsabilidade da Prefeitura. Mossoró subsidia parcialmente o serviço de ônibus urbano, mas isso é insuficiente. É preciso ampliar esse subsídio e encontrar formas inteligentes e sustentáveis de financiá-lo.

Além disso, outras ações são necessárias: integração tarifária, criação de corredores exclusivos, campanhas de conscientização. Em resumo, é preciso valorizar – de fato – o transporte coletivo.

Mossoró precisa decidir se quer um transporte público de verdade ou se aceitará, passivamente, a falência de um serviço essencial. A sobrevivência do ônibus urbano não é apenas uma questão de empresa ou de tarifa. É uma escolha política, social e de futuro.

Esse debate precisa vir à tona, sob pena de Mossoró perder mobilidade, qualidade de vida e equidade. E assistir, inerte, às ruas cada vez mais abarrotadas de veículos, e aos hospitais – e cemitérios – repletos de vítimas do trânsito.

 

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