Mesmo após votar contra o governo na Medida Provisória que aumentou impostos, partidos do chamado Centrão mantinham uma expressiva presença na máquina pública federal. Levantamento do portal UOL mostra que, antes das recentes exonerações, ao menos 378 filiados dessas legendas ocupavam cargos comissionados em ministérios e órgãos do governo Lula.
A composição reforça o peso político do bloco, que, embora nem sempre alinhado ao Planalto, continua detendo espaços estratégicos na administração federal. União Brasil, MDB, PSD, PP e Republicanos são as principais siglas contempladas.
O União Brasil liderava a lista, com 119 cargos distribuídos em 26 ministérios. O destaque vai para a pasta da Integração e do Desenvolvimento Regional, sob influência do senador Davi Alcolumbre (AP), além da Presidência da República, da Advocacia-Geral da União (AGU) e dos ministérios dos Transportes e dos Povos Indígenas.
Logo atrás, o MDB somava 112 cargos, com forte presença no Ministério dos Transportes — comandado por Renan Filho (AL) — e em áreas como Saúde, Gestão e Inovação, e Minas e Energia.
O PSD, por sua vez, contava com 63 cargos, concentrados nos ministérios da Agricultura e da Pesca, ambos sob comando de nomes ligados à sigla. Já o PP, partido do ministro dos Esportes, André Fufuca (MA), reunia 48 indicações, distribuídas também em pastas como a AGU, Saúde e Integração.
Fechando o grupo, o Republicanos mantinha 36 cargos, principalmente nos ministérios da Integração e dos Transportes, além da pasta de Portos e Aeroportos, chefiada por Silvio Costa Filho (PE).
Toma lá…
As nomeações refletem o esforço do governo em ampliar sua base de apoio no Congresso — ainda que, na prática, nem sempre obtenha a fidelidade esperada nas votações consideradas prioritárias.
Na política brasileira, a troca de cargos por apoio parlamentar não é novidade. O Centrão, há décadas, atua como um bloco pragmático, movido por interesses regionais e por influência em estruturas administrativas.
A atual gestão repete o modelo tradicional de coalizão – uma estratégia que busca garantir governabilidade, mas que frequentemente coloca em xeque a coerência ideológica e o equilíbrio entre meritocracia e barganha política.
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