Xadrez político

Rompimento em Brasília e o impacto para Allyson e Zenaide

Foto: Reprodução | Via Zenaidesenadora.com.br

Senadora Zenaide e prefeito Allyson em entrega de UBS em Mossoró, semana passada

A decisão anunciada hoje (2) pela federação União Brasil-PP, determinando filiados a deixarem cargos no governo Lula (PT), mexe com o xadrez político nacional e repercute de imediato no Rio Grande do Norte. Para o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), pré-candidato ao governo estadual em 2026, a decisão tem sabor agridoce: resolve um dilema político, mas cria outro, mais pragmático.

Até aqui, Allyson enfrentava críticas por atacar o PT e o governo Fátima Bezerra, enquanto seu partido ocupava ministérios no Governo Federal, comandado pelo mesmo PT. Essa incoerência era explorada pelos adversários e fragilizava o discurso oposicionista.

O rompimento da federação União Brasil-PP, portanto, dá a ele uma narrativa mais limpa: pode se colocar como alternativa real de oposição, sem a sombra de um vínculo nacional com o lulismo.

Novo dilema

Mas se, no campo político, Allyson pode sair ganhando, no campo administrativo o desafio aumenta. Boa parte das obras de Mossoró é financiada com verbas e programas federais. Como manter o discurso de oposição a um governo que, na prática, viabiliza conquistas concretas para a população mossoroense?

Essa é a contradição que passa a rondar o prefeito e pré-candidato. O risco é que a narrativa de coerência política acabe sendo colocada em xeque pela dependência institucional.

Esse cenário também aumenta constrangimento para a senadora Zenaide Maia (PSD), que, embora tenha sido eleita trajada de “esquerda” em 2018 e seja vice-líder do Governo Lula no Senado, é apoiadora incondicional da pré-candidatura de Allyson. Aliás, obras entregues pelos dois em Mossoró são financiadas pelo Governo Federal, a partir de emendas da vice-líder do Governo Lula.

Riscos e ganhos

Para o PT, a mudança também não vem sem oportunidades. O partido poderá explorar justamente essa vulnerabilidade: cobrar de Allyson e de Zenaide Maia a origem dos recursos que financiam suas realizações.

E, mais do que isso, o rompimento pode ser usado para reforçar a narrativa de que a gestão federal não faz distinção partidária ao apoiar municípios, enquanto o prefeito aposta no discurso oposicionista e a senadora, mesmo o partido dela (PSD) continuando no Governo, mas apoiando um adversário do PT, seria ingrata e oportunista.

Bem, contradições expostas, o que se vê, a pouco menos de um ano do pleito eleitoral, é um cenário a caminho da definição. O eleitor potiguar, no fim, assistirá a uma disputa onde coerência e pragmatismo estarão no centro do jogo político.

 

Siga nosso Instagram

Compartilhe

Regy Carte
Políticas de privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.